14/02

Dia do amor.

Minhas mágoas, todas, em aquários.

Sem aforo

O sinal vermelho, Nara Leão gritando aos meus ouvidos pelos auto-falantes do carro, e o sorriso mais lindo do mundo. Que clareou minha noite.
E ainda tento decifrar se os olhos daquela menina me diziam Pare. Ou Siga.
Mas sem dúvida, me chamaram a Atenção como ninguém.
Pisei no acelerador e parti.
Sem ela. Só Nara.

(fazer) Amor.

É como Vinícius de Moraes e Augusto dos Anjos.
Um é amor e melodia,
O outro é palavra e escarro.

Ela é como uma melodia escrita,
Eu sou o amor escarrado.


E nesse desencontro de versos,
Ela quer poesia,

Eu me contento com o sexo.

Winter

Primavera. A estação das cores.

Que saudade das suas.

Corruptção

(Cara, desenterrando textos aqui.. esse aqui deve ser dos meus catorze anos, sei lá. ahhaha)

O país caindo, sucumbindo, ruindo, esvaindo por veias de sangue azul da estrela vermelha.
Dinheiro sujo na cueca, na mala, no avião. O presidente com dor no ombro, viajando, roubando com quatro dedos na mão.
Pizzas na cpi que dariam para matar toda a fome do país.
Cagoetagem, hiporisia e mentiras para todos os lados. O carater e a verdade receberam mensalão para ficarem calados.
Um papa que proíbe o amor entre pessoas do mesmo sexo. Amar é pecar? Que todos morram então. E olha o lula de novo em seu avião.
O mundo morrendo e eu só penso em te ter.
Um poema sem rimas prum amor sem futuro.

Surpresa.

Você apareceu de surpresa. E eu não gosto de surpresas.

Mas gostei de você.

Resultado

E o foda da saudade é que, quando não acaba com o sentimento, deixa ele mais forte.

know what?

Someone asked once what was my best virtue and my worst defect… I’ve been trying to answer it to myself since that day. But, gosh, I’m always changing. Yep, I know it’s totally cliché, “blablabla, I’m not the same one I was the day before, blabla”, but you know what? That’s true. Things happen every single day. Everything that happens, or doesn’t happen, and the way you deal with all these stuff, makes you who you are. When you look both sides before crossing the street, you are automatically protecting yourself from the death, and it could mean a lot about who you are. Especially when you know what makes you want to be alive.
I know I’m kinda sleepy and probably it makes no sense at all, but what I’m trying to say is: when you start thinking why you do something, even the most simple things, like getting up in the morning, is when you start to know who you truly are and what you’re doing here. However, people rarely do that. You know why? Because answers bring more questions.

À deriva.

Seu corpo branco e frio me invade feito a água do mar, que beija o recife e transforma pedra em grãos brancos e finos de areia.
Seu corpo branco me invade inteira.

Falta saudade

"- Senti sua falta...
- Não sinta! Falta é algo ruim de se sentir.
- ...
- ...
- Senti saudade.
- Eu também.
"

Sabe, saudade é a lembrança boa, é a vontade de estar junto, de querer perto, que faz aquele sorriso de canto de boca aparecer junto com pensamento. É o frio na barriga que aquece.
Sentir falta é quando dói, quando arranca um pedaço da gente, quando se perde algo que não pode se completar sozinho, é ter um sentimento amputado de si contra a própria vontade. Sentir falta é ver uma parte de si, morrer.

Sinto saudade do que eu sentia. E falta de você.

Platão.

- Olha a lua! - disse olhando pela janela do carro, a lua cheia, enorme, brilhando pra mim.
- Você vive falando isso. Deveria ir morar lá.
- Mas se eu morasse na lua, eu não poderia vê-la.
- Mas você estaria NELA!
- Justamente. De que me adianta estar com ela, se não poderia admirá-la? - perguntei, olhando novamente para aquela beleza que clareava meus olhos.
- Então você prefere só olhar?
- Sim. (silêncio). Acho que o sentir mais sincero é o platônico.



(transcrevendo o diálogo que aconteceu há pouco, enquanto voltava pra casa e a lua me seduzia)

Significando.

in.trín.se.co

1. refere-se ao que está no interior de algo e que é essencial para sua existência

es.sen.ci.al

1. relativo à essência, ao fundamental. 2. muito necessário ou indispensável.

in.dis.pen.sá.vel

1. essencial, imprescindível

im.pres.cin.dí.vel

1. que não pode faltar

fal.tar

1. não existir. 2. não estar presente.

(Fonte: Wikipedia)


_

Intrínseco é o meu gostar.
O restante é você.

Trouble

Underdose

Me acostumei a gostar de você. A achar graça quando você fala sério. A te abraçar demorado em qualquer lugar. A pôr a mão no seu pescoço quando lhe beijo a bochecha.
Me acostumei a precisar de você. A ficar triste quando você está também, a pensar em você quando escuto aquelas músicas. Aliás, a pensar em você sempre. A sentir sua falta quando você não está. E até quando está.
Não sei mais escrever para alguém que não seja você, pensar em alguém que não seja você, querer alguém que não seja você.
Me acostumei a gostar de você, a precisar de você. E de tanto insistir nesse costume, acho que já virou vício. E de tanto praticar esse vício, estou quase em overdose.
Sabe, overdose, como o próprio nome sugere, é quando você toma uma dose muito maior do que o... suportável. Entende? E o pior, não posso dizer que foi ua overdose de você porque de você eu tive quase nada.
Estou em overdose. Mas não sei se é de vício, de costume ou de sentir.


(Trocaria todas por uma overdose de você.)

Chama.

Meu sobrenome é saudade quando o assunto é você.
(Não que isso anule o Paixão.)

Re-cheio.

Senti meu coração apertar no instante em que a vi. Acho que era o vazio sendo preenchido por um monte de vontades.

2010

Sabe quando um grande amor vai embora? Não da cidade, mas do coração? E fica aquele vácuo gigante, do tamanho do sentimento... Só restam duas alternativas:
[ ] Deixar vazio.
[ ] Preencher.
Já experimentei deixar vazio mil vezes, e mil vezes esse vazio funcionou como buraco negro, sugando para dentro de si tudo que passava por perto, tudo que lhe parecesse ser algo como amor. Mesmo que não fosse. Tudo que lhe soasse como saudade. O problema do vazio é insistir em preencher-se.
Daí que dessa vez, fiz diferente. Preenchi. Não, não com paixão, nem vontade e, muito menos, com saudade. Preenchi com sentimentos, relacionados a mim e não a outrem. E cá entre nós, funcionou bastante.
O que era vontade virou nojo, o que era saudade virou impaciência, o que era paixão virou amor. Próprio. Que vezenquando apelido de orgulho. Ah, como amo meu orgulho, e como ele me ama. E me completa.


Sabe, descobri em mim, minha outra metade.

Re[ne]gado.

Candeeiro.

Resplandece sua dúvida fronte ao meu querer.
Encandeia você meus olhos escuros, completando-me de sombras e contemplando-me com vontades.
No clarear da sua luz, contento-me em me esquentar sem tocá-la. Entretanto, quando se esvai o seu queimar, me faço inteira fogo para incendiá-la. E feito chama, que somos, e que se consomem, ardemos em calor. Até a morte chegar.
Em cinzas.

Justificando:

É que precisava acabar com o amor. Antes que ele acabasse comigo.

Re-citar.

Recitar é:
*Citar de novo aquilo que disse outrora em sentimentos, vontades, e agora: palavras
*Pensar de novo naquilo que foi dono dos meus pensamentos por tempos. E ficou lá. Ficou lá. Quis sair, mas agora está.
*Aquela vontade de gritar bem alto aquilo que era silencio
*Juntar as palavras antes perdidas entre meus olhos e os seus
*Falar de forma audível aquelas palavras perdidas entre minha boca e a sua.
*Citar de novo tudo que não foi dito
*Explicitar, mostrar, não. Traduzir! Recitar é traduzir. Aquilo que senti por você, que achei que senti, aquilo que nem sinto mais. Aquilo. Que te recito agora.
*Vontade de dizer minhas vontades
*Sorrir, chorar, pular, gritar, com palavras. Não mais com gestos! Nem viagens, sei la. Não pra mim. Pra você. Pra que você ouça.
*Ouvir. Recitar é fazer ouvir.

Agora você me ouve?! Sei que sim, porque agora eu falo. Agora eu recito. E então. Não há mais desculpas Não há mais aquelas palavras engasgadas na garganta. Agora elas saíram.
Não da cabeça. Das cordas vocais.

Sabe, é estranho meus pensamentos saírem por minha boca e pararem nos seus ouvidos. E não saber se eles vão chegar na cabeça, no coração ou se vão mesmo, parar nos ouvidos.

É difícil saber se o ar recheado de palavras que sai dos meus lábios vai tocar sua pele e lhe penetrar em busca das suas veias, seu sangue, e correr junto com o plasma e suas hemácias até aquele músculo cardíaco que tanto bate e eu não sei por quem.

Re-citar.
Citar novamente tudo aquilo que não podia ser dito.


http://www.youtube.com/watch?v=a7r44bXVVXM

Fatos:

-Sou feito de instantes e circunstâncias.

-Falta inspiração e sobra vontade.

-O impossível surge em várias formas pra me conquistar. E sempre consegue.

-Contradigo meus discursos quando o assunto é você.

-Queria fugir. Pra longe das pessoas. E pra perto de mim.


-E no fim, o que sobra é resto.

Notas em branco

1- Cada sarda em seu rosto é um pontinho de... p o e s i a .

2- Sou só interrogações entre as reticências de sua pele.

L.

Ela tinha os cabelos loiros, os olhos doces de mel e um corpo de endoidecer qualquer um.
Ela era um desastre com coisas, pessoas e sentimentos, mas de uma criatividade singular, que transpassava-lhe a pele e fincava no papel.
Ela era tudo ou nada, dependendo do instante em que a encontrasse.
Ora sorrindo com seus lábios enormes e deliciosos. Ora afogada em mágoas.
Ora correndo, pulando, perdendo o controle. Ora, quieta, quase em letargia.
Ora aos beijos, abraços e amassos. Ora, nem palavras.

Ela era feita de extremos e de vontades confusas, que ela não entendia, que dizia ter, ou mesmo, que fingia não ter.
Falo das vontades porque ela era dona das minhas. De todas elas.
Eu acho que algumas das delas também eram relacionadas a mim. Mas isso dependia, não das minhas palavras, nem do meu silêncio. Não de mim. Dependia dela. E do instante em que a encontrasse.
Ah, mas quando esse instante era o certo...
Ah, mas quando esse instante era o errado.

Por ser feita de extremos, extremizava qualquer sensação, sentido e sentimento que me fazia ter.
Fosse alegria, dor, ou vontade. Fosse o querer. Ou a vontade de esquecer.
Mas não esqueço.
Nem deixo de sentir.
Vontade.
De esquecer.
E de você.

Ingredientes:

• Palavras
• Olhos
• Confusão

Receita rápida de conquista com recheio de desastre.

ABC

do querer:

Abraços, beijos e cama.

rir Só

Entre as covinhas do seu sorriso, encontrei a razão do meu.

Memórias.

Fiapos. Fiascos.

Faz-me rir.

Um dia acreditarei nas verdades que insistes em mentir para mim.

Tu.

Por entre os dedos
agora no chão
desenrolaste, caíste
das minha mãos.


E eu que com tanta força segurava
na intenção de manter-te aqui
voaste com minhas asas
acabando por cair.


Quando o silêncio resolveu gritar
e o coração viver
a decisão certa a tomar
a errada a escolher.


Embriagado em lágrimas doces
como as de quem ama e não tem
se os insanos normais fossem
desistir seria aquém.


Com um sentimento sem fim
nem um começo certo,
termino o poema assim
sem te ter por perto.

À vontade.

Não sei se preciso de amor ou de sentir falta dele. Só sei que preciso.
Essa aqui tem a boca mais linda que já vi. Aquela lá, um corpo que me deixa louco. Outra, sabe usar tão bem as palavras que perco as minhas.
E nisso de não saber de quem gostar, como se isso fosse questão de escolha, acabo por não gostar de ninguém e querer todas ainda assim.
Uma vontade de querer. E querer ter vontade. Ah, sei lá.
De repente, tudo que escrevo parece ter, e tem, o mesmo tema: vontade.
Dizem que "não amar é sofrer. amar é sofrer mais". Mas será que sofrer é amar demais?
Sabe, alguns dizem que eu fujo do amor. Alguns dizem que eu o persigo. Bom, é o seguinte: eu preciso de amores e desabafos. Mesmo que falsos. Não que meus sentimentos sejam falsos, mas minhas palavras, assim como as suas, podem ser e isso eu não nego. Mas quando elas são falsas eu aviso. Essa é a diferença. Outro problema é que até sinceridade demais soa falso. Então por assumir minhas mentiras e enfatizar minhas verdades, sobraram-me os sobrenomes “nofuckingfeelings” ou “heartbreaker”. Bom, se não pode vencer, junte-se a eles.
Que não importam as palavras ou os sentimentos.
Importa a vontade.
E isso eu tenho de sobra.

Em caixa.

Abraço de corpo inteiro. Que é pra completar o que falta em mim.
Encaixo em seu corpo inteiro. Que é pra você sentir cada parte que ainda há em mim.
E meus pensamentos percorrem seu corpo. Como as minhas mãos.
E minhas mãos conhecem seu corpo. Como minha boca quando molha a sua.
E sua boca morde minha vontade. Como corre o sangue no coração pulsante.
E meu coração pulsa inconstante. Como meu querer de você.
E meu querer quer seu corpo inteiro.
Que é pra completar o que falta em mim.
Quando te abraço, te abraço e te abraço.
De corpo inteiro.

Com-fusão.

Há algum tempo as palavras não refletem mais para dentro de mim.
Já não bastasse isso, elas têm-se tornado cada vez mais raras, mesmo aquelas que são reflexos do mim de outrora, que pode nem ter existido.
Não quero complicar, nem confundir. Embora feito inteiro de confusões, que se juntam e se moldam formando o formato moldado de mim. Por mim. E essa forma já não mais me conforma e muito menos conforta a fraqueza que com forte braço forma o abraço que cola no meu, com força tamanha que molda a forma do abraço da manhã de hoje e do conforto do amanhã que não há.
Confusão e com ebulição de interrogações, reticências e ponto final. Como redação retratada e maltratada em papel crepom que enfeita mas não embeleza que é feita sem a beleza do querer. Parada para dar par da partida daquela parcela que parte sem porquê nem pois.
E é esse excesso de ponto e falta de ação que molda minha confusão e inicia a ebulição da partida sem sim, sem fim e sem mim.
As palavras fogem.
E correm para dentro de.

Soçobra.

O não pensar em ninguém, me fez pensar em você.
O não querer ninguém, me fez querer você.
Minha carência de sentir...
Você.
A gente não se parece. Você não me completa.
Ninguém o faz.
Mas nisso de fingir gostar de você, acabei por gostar de fingir. Fingir.
Mal sei o que é real.
Ouço uma música que fala de amor. Penso em você. Não sei se isso é amar ou querer.
Ou só querer amar.
Mas de fato, quando penso em alguém, é em você. Incrível como tudo parece bonito quando você está em minha mente. E quando você está ao meu lado, pareço nem estar. Perco a atitude, as palavras, o ar.
Só sobra esse medo de não sei bem o quê.
Só sobro eu no meu canto só.
E você no seu canto seu.
Soçobramos nós.
Sós.

Astro Rei.

Seu corpo esbelto, belo e forte
O meu esguio e só.
Seus cabelos, sua boca carnuda...
Minhas vontades são reticências.
Seus braços e pernas
Quero-os entre meus braços e pernas.
Porte de rainha, humildade de plebéia.
Domine-me e deixe-me dominá-la.
Seu coração desgastado de sofrer
O meu virgem, como eu.
Leoa.
Sou seu.

C-i-c-l-o

Não dói. Agoniza.
Essa certeza só da incerteza. Aliás. Às vezes, tinha certeza do não. Às vezes, do sim. Mas é, no geral, é incerteza. Não que eu seja tão previsível. Talvez só meio repetitivo. Para todos os meses poderia usar um texto já escrito por mim para definir o que eu estou sentindo. Na verdade, é que situações se repetiam. Da minha parte e da sua. Um mês normal, colegas, só. Um mês perfeito, recheado de palavras e carinhos. Um beijo. E um mês sem. Você fugindo de você e eu fingindo esquecer. E assim foi. Até que os três meses não passaram no tempo certo. Rompemos o ciclo. E o sentimento.
Queria me apaixonar por aquela pessoa certa da hora certa.
Mas não certo. Nem certa. Não há certeza.

E agonia dói.
Preciso romper meu ciclo de mim.

Tum tum. Tu.

Meu coração me bate dores quê.

Há tensão.

E que belo dia pra falar de amor. Essa vontade estranha de chorar e de acordar e de dormir esse sono mal dormido e esses passarinhos ao fundo, esse tom de azul no céu, do céu. E que belo dia para amar. É que sabe, eu já nem sei mais. Chega uma hora em que simplesmente... Entende? Pior que sim, você entende cada palavra do que eu digo. Eu me deixo desvendar. Eu deixo pistas em meu labirinto para que você não se perca. Assim, como eu me perdi em você desde o primeiro encontro de olhares, ou pensamentos, sei lá. Doesn't matter. E essa vontade de chorar que não vai embora. Talvez seja o frio e o tom de azul. Da sua roupa. Não, você de novo não. São os pássaros. É que eu não posso acordá-la com um beijo no rosto bom-dia-meu-bem, aquele meu-bem meio miado cheio de vontade de ser um meu-amor. Você é meu amor. E o de vários outros. Bizarre love triangle. Acorda. Foi a noite mal dormida. E todo esse verde, essas cores parece tudo tão nublado e cinza enquanto você dorme. Chega. Vou seguir a placa. Essa em que bati os olhos quando procurava, em vão, você. Atenção. Pare. Duas palavras. E pra que mais? Pare pare pare pare pare pare.
Parou.
Parei.
E que belo dia pra falar de amor.

Um.

Um monte mundano de mudanças.
Um litro de lábia louca e limpa pra lazer.
Uma dose de dúvidas diárias de coração quase destro.
Um quilo de quereres quietos que condizem com meu saber.
Um saco de saberes burros que sorriem quando tropeçam em você.
Um tanto de ternura e tesão que testam seu maestro.
Um pote de poeira que enche o meu doer.
Um combo de caminhos e de andanças.
Um botão de boa hora até que vá embora.
Um vaso de vazio que completa meu vasto de mim.
Um gole de gargantas e gargalhadas que agarram meu teatro.
Um resto de ratoeiras e armadilhas que matam os resquícios desse amor.
Um assunto não resolvido pouco assumido assim passado.
Uma era de éramos e de estátuas hereges no fim.
Um outono de você em mim outrora.
Um tudo de nada em mim. Um pouco de muito de você. Um nada desse pouco quase tudo de dor.
Um pouco de mim e muito de (querer) você.
Um pouco de mim.
E muito (muito mesmo) de nada de você.

Esquecer.

Todos os dias penso em esquecer você e é isso que me faz lembrar. Lembrar de você, e de querer, e do querer que talvez nem queria mais, mas é que é bom lembrar. E esquecer. Acho que prefiro fingir que esqueço para o lembrar sem mais intenso. Ou talvez a mentira seja o lembrar. E o esquecer também. É que eu não gosto de zerar. Não que eu me force a sentir nada, mas é que eu reforço o que sinto. Sinto muito. Não, você não foi um objeto. Eu não a usei pra não ficar vazio. Eu me usei. Só que um pouquinho de você já estava em mim, sabe?
Hoje há pontos e vírgulas.
Hoje há pausa e calma.
Hoje, meu bem...
só não há você.

Ex-querer.

Ele queria esquecer a outra. A única, aliás. Mas cadê? Não cadê ela, cadê o esquecer sabe? Não, eu sei. Ela que não sabe. Ela não sabe nada. Não, ela não é burra é que ela não sabe de nada, nada de mim sabe, de mim em relação a ela. Não que eu não diga, eu digo, eu gosto de você. Eu mostro, ela vê, quer dizer, acho que vê. Ela não é burra, eu gosto de você, mas é que entre as palavras ditas tem as não ditas e os soluços e a vontade sabe é que tipo, eu gosto de você e você é linda e você não pode ser minha embora eu já seja seu, todo, inteiro e cada centímetro de mim quer cada centímetro seu e que cada litro de mim quer ser despejado em você eu quero cada grama de você em cima de mim e que eu quero você inteira pra me completar o que falta, é que sabe, só me falta você e você já é completa, você acha que é completa, mas olha pra mim, um pouco mais pra mim e um pouco menos pra você, você vai ver que falta um pouco de mim em você e que o pedaço que falta em você tá em mim e por isso você não é completa e por isso você precisa de mim pra completar, e você é o que eu mais quero e você é assim o meu amor minha vontade de sentir e tudo que me faz sentir tudo que eu sinto e você tem os olhos mais lindos e seu corpo me deixa louco, sua agonia e palavras certas sempre certas mesmo que erradas enchem meus ouvidos, meu saco também, mas é que eu já sou louco por você e... Ei, eu gosto de você. Foi só o que eu consegui dizer, aliás, só o que você conseguiria ouvir sem ficar louca como eu estou e sou, assim, por você. E cadê? Não, não cadê o esquecer que eu não quero esquecer eu quero é você. Cadê você?

Chuva Seca

Os pássaros se escondem, os meteorologistas prevêem. Chuva. Aquele Sol estonteante é coberto por nuvens - como todo o resto. De repente, tudo é sombra. O teto de nós parece pesado. Até que desaba em água. Os algodões duros se chocam. Faíscas, estrondos. O mundo chora. Não é ameaça, é aviso. Antes de o destruirmos, ele nos destruirá. Tragédias não são tempestades, são queimadas. Desespero não é tsunami, é poluição. O mundo não tem medo. Tem pena. Nós sentimos exatamente o contrário. Nós não somos os donos dele. Ele é dono de nós. E se não bastasse destruir nosso próprio lar, acabam com espécies que não nos fazem mal algum. E destruimos a nós mesmos. Seja com guerra ou fome, o homem parece estar em luta constante contra si mesmo. E nessa luta, todos perdem. Mas se há algum "lucro" para alguém, é como se valesse a pena. Isso porque, o lucro cega, mais que a sombra da tempestade. A religião do homem é o Umbigocentrismo, e tendo um Porshe, o resto não importa. Mas a Terra, coitada, ainda nos dá intermináveis chances de mudarmos e fazermos o certo. Depois da chuva, do frio, da penumbra, nos presenteia com o Sol e o arco-iris. Brilho e cores.
Estamos cegos.
É tarde demais?

Sobrado.

Só me resta escrever.
Que já não há sentimento nem vontade. Que já não há tristeza nem saudade. Que já não há outras. Nem você.
É que falta tanta coisa e tanto espaço pra essa falta caber. É que sobra tanta falta. E eu nem sei mais o que me falta e o que me faz falta. Só sei falta. Sobra falta.
E falta até espaço pra essa falta caber.

Sem est'ação.

Sabe, queria lhe dar um milhão de flores. Mas eles prenderam nosso amor num lugar sem vida, sórdido, em que o chão é lama e o cheiro é mofo. Nos tiraram a primavera e nos deram os restos.
Queria levá-lo para ver o céu, beijar seus lábios no banquinho do parque e ver o Sol brilhar em nós. Mas não podemos. Nos tiraram o verão e só deixaram as sombras.
Daria tudo para mergulhar fundo com você num lago claro, e no nosso amor, para sentir as folhas caindo em nós, desenhando na água o seu sorriso. Mas nos tiraram o outono, deixando-nos à margem e ao nojo.
Queria abraçá-lo numa noite fria para aquecer você e o seu olhar, que tanto se confunde com o meu. Mas do inverno só nos deixaram o frio e a solidão, que hoje é a única que me acompanha, sem hesitar.
Nos tiraram as estações e querem nos tirar o riso e o direito de amar. Mas não vou deixar. Não vamos!
Te dou flor, sol, folha e neve. Te dou meu amor e minha coragem.
Te dou meu sim.
Em troca do seu.

Beijo.

As bocas se encontram e se contorcem como pétalas de flor quando se rendem à brisa que lhes moldam e regem.
As línguas se molham e entrelaçam, quase que dançam, seguindo o ritmo das respirações que lhe seguem.
E como brisa leve que se junta e cresce, fazendo vento, tufão e vendaval que consomem tudo que lhe cerca.
Assim os corpos se consomem.
Em boca, língua e vendaval.

Lua em capricórnio.

- Olha a lua! – disse meio bêbado a si mesmo. Festa louca, música louca. Nada de luz, ou dignidade. Insanidade. Era só o que havia. Era só de que gostava. Mentira. Gostava da lua. E nessa noite, ela estava excepcionalmente...
- Linda. – a moça ao seu lado completou-lhe os pensamentos. Como podia não ter reparado nela antes? Calou-se por um instante. Talvez pelo susto. Talvez por simples desconcentração.
- Já a viu lá de cima? – a moça lhe perguntou com a voz cheia de paz e olhando-o nos olhos.
- Cara, não sou astronauta. – É. Tinha um senso de humor peculiar. A ignorância era tão espontânea que chegava a ser... engraçado.
- Hahaha. Um a zero, “cara”. – ele meio que se desconcerta, meio que não se importa. Olha pra baixo, dá uma tragada forte em seu cigarro.
- Vem. – Pegando-lhe pela mão, a moça o leva sem pressa para um canto da festa, ele vai confuso.
- Ah. – diz, se sentindo um idiota. – lá de cima, né? – diz olhando para a escada à sua frente.
Subiram alguns vários degraus e quando chegaram ao terraço, não havia barulho, nem pessoas, nem luz, nem nada. Só ele. A moça. E a lua. Que de tão cheia, enchia o céu de luz, refletindo nos olhos da moça, atravessando os dele. Pensou consigo mesmo "ah, esses lindos olhos seus... quero-os fazendo par com o par do olhos meus".
- Linda.
- A lua? Sim. Excepcionalmente...
- Linda. Você.
[silêncio]
[silêncios]
Ele se aproxima e tenta beijá-la. Homens.
- Não vou beijar você.
Ele fica confuso, por que ela o levou lá em cima então?! Mulheres.
- Você não quer?
- Quero. Mas algo me diz que não.
- A lua?
- Talvez.
- Sorte nossa já estar quase amanhecendo.
- Haha. Dois a zero. Mas a lua não vai embora, ela só se esconde. Você sabe.
[silêncios]
Tenta beijá-la novamente.
- Não.
Não sabia se era por culpa do não, do mistério ou da lua. Mas a moça da voz tranqüila pareceu ter-lhe conquistado.
- Vamos só ficar aqui. Não vamos perder essa lua. Vamos? – a paz daquela voz...
- É verdade. Linda. Excepcionalmente...
- Linda.
Enquanto ela olhava a lua, ele olhava seus olhos, quase claros de tão brilhantes. Seria a lua? Ou sua paz?
- O que você faz? – ele perguntou curioso.
- Geografia. Você? - ela entra no jogo.
- Comunicação. Idade?
- 20. Você?
- 22. Signo?
- Adivinha.
[silêncios]
- Aquário? Câncer? Libra?
- Não. Não. Não. Por quê chutou esses?
- Aquário pela criatividade e estilo. Câncer porque me parece leal, confiável... E libra só pra sentir o alívio do não. Traumas.
[silêncios]
- Capricórnio? Me diz que não.
- Sim. Capricórnio.
- Ah! Capricórnio! Não poderia ser melhor.
- Defina capricórnio.
- Pés no chão. Cabeça... no ar?
[sorrisos]
[silêncios]
- Você?
- Eu o quê?
- Signo?
- Virgem.
[silêncios]
- Ciúmes e perfeccionismo, ein?
- Não acredito em signos. Quando o assunto sou eu.
Se olham, como crianças se descobrindo, e silenciam, silenciam, silenciam.
[silêncios]
- Tenho que ir.
- Você quer ir?
- Três a zero.
Se abraçaram demorado, se olharam nos olhos. E só.
Três a zero para ele.
E foi ela quem ganhou.
A lua.

Anatomia.

Labirintos dão equilíbrio.

E isso não é coisa só na minha cabeça.

Ironia.

Fico imóvel quando me chama de meu bem.

Mentiras fisiológicas.

As pessoas adoram mistificar tudo.
Aliás, não que elas ponham fantasias demais nas coisas, elas põem verdades.
Exemplicando, por que todo aquele tabu (é, até hoje) de quem "homens não choram", que é sinal de fraqueza chorar, etecétera etecétera e tal?
Cara, lágrima é só aquele liquidozinho que serve pra lubrificar o olho, que quando é produzido em excesso, forma a bendita gotinha que cai. E só.
Mas aí vêm milhões de pessoas colocando aqueles milhões de significados sem cabimento para explicar um mero acaso fisiológico.
Que coisa, não?

Sabe, eu ainda não tinha parado pra pensar no que falei acima, mas uma conversa sobre isso me fez pensar. Eu era do tipo que dava importância às verdades não-fisiológicas/não-óbvias das coisas.
Tentei explicar, "não que eu dê importância demais à lágrima... é que dou importância demais ao sentimento que faz gerá-la."
Ouvi como resposta só um "É mentira!".

Mas o que é "verdade", fisiologicamente falando?

Partes de(s)gosto

Adoro falar da beleza. Dos olhos. Dos sorrisos. Das palavras.
É mais fácil reparti-lo e frizar só no que gosto, que assim soa mais sincero do que um "eu gosto de você".
"Você" é um todo, e por ser um todo, é complexo. Pois todo todo é feito de partes. que se encaixam, mas não são iguais. Ainda bem.
Deve ser muito difícil gostar do todo de alguém, porque ninguém tem todas as suas partes agradáveis e maravilhosas e lindas e blablablás que os apaixonados insistem em fingir sentir e dizer. Que coisa.
Também me divido em partes, portanto. Mas não costumo mostrar as melhores de cara. Mostro as ruins, as piores, as sem graça. Que é pra quando você conhecer as boas, pôr na balança e ver se vale a pena.
Acho que essa é a questão. Pôr na balança. O gostar-de-você significa dizer que a parte boa do seu todo, é melhor do que a ruim. Não que seja maior. Você pode ter milhões de defeitos e só umas quatro qualidades, mas se essas quatro fizerem os milhões parecerem nada, bom, então é isso. É o gostar-de-você.
Vou conhecendo suas partes e pondo-as na balança. Depois lhe digo se gosto de você,
ou dos seus olhos.

Sorriso-abismo.

Adoro vê-la sorrir. E a forma como seu sorriso se faz em seus lábios fechando seus olhos e abrindo os meus.
Adoro a delicadeza do seu abraço forte. E fico até sem jeito quando meu olhar tímido se perde no seu.
Mas preciso lhe falar do seu sorriso... Ele me deixa abismada.
Aliás, a palavra abismada me lembra abismo e abismo me lembra beleza. E suicídio.
Acho que esse é meu destino.
Me suicidar
no abismo
da beleza
do seu
_____s
_______o
_________r
___________r
_____________i
_______________s
_________________o.

9,5 andar

Pior é melhor. Pior é melhor. Pior é melhor.
Ainda bem que o efeito ludovico só funciona até a primeira queda.



Pior é melhor.

Vazio poético.

Tinha dezoito. Dessa idade não se exige responsabilidade, inteligência, paciência nem fé. Dessa idade só se exige maturidade, pelo menos um pouco. Mas isso ela perdeu aos quinze. Quando morreu de amor e passou a não se importar. Hahaha. É, com seus dezoito ela passou a colocar a culpa de tudo que dava errado, no amor. Coitado, o amor nunca fez nada. Na maioria das vezes, nem aparecia. Mas era o culpado de tudo. E disso ela não tinha dúvidas. Seu ego lhe doía menos sendo assim. Fingia viver de amor e punha a culpa de todas as suas mortes só nele. Morria sim. Mas morrer de amor soa mais poético.
Se não pode vencê-lo, junte-se a ele. Passou a usar o amor para matar e não só para morrer. E foi aí que sua maturidade fugiu, dando lugar a seu egoísmo, que também era poético. Porque era egoísmo de amor. É. Se o amor põe poesia até na morte, o resto é fichinha. Pensava assim.
Amou vários. Mais do que a si mesma. Mas nunca correspondida. Lógico, preferia o impossível. Sofrer de amor é mais bonito que amar. E por conta disso, quando algum desavisado lhe amava, ela o fazia sofrer. Não tanto por querer, mas por não poder amar. Sabe, destruiria a beleza do não-sentir.
Um dia, ela quis fazer diferente. Primeiro, escolheu não amar. E com isso, aquele que mais lhe amava sofreu. Pois alguém que não ama não existe. Ele então amava alguém que não existia. Mas não deu certo. Ela continuou sofrendo, e não era de amor. Era de nada. E não há poesia no vazio. Decidiu amar. E para isso, escolheu aquele que mais lhe amava. Mas ele de tanto amar alguém que não existia, passou a amar mais a si próprio, que pelo menos lhe correspondia. E ela perdeu quem mais a amava e sofreu de amor. Lembrou como era. E gostou. Sofrer de amor é melhor que amar. E voltou a morrer e matar de amor. Que assim era mais poético.
E foi assim, perdeu a maturidade por não deixar amadurecer o amor. Seu egoísmo lhe mantia. E isso nem é tão ruim. Era até bonito. Porque era egoísmo de amor. E era só disso que vivia.

Monodiálogo.

- A partir de hoje vai ser TUDO diferente! Recomeçar. Do zero. Arrancar cada centímetro do que não serve em mim. Ser o melhor que posso. Apagar o passado com borracha. Não! Arrancar todas as folhas do caderno da vida que vivi. Aliás, comprar um carderno novo. Canetas novas também. Do zero! Ser novo. Irreconhecível. Mudar mudar mudar. Recomeçar. Tá na hora! É agora!


- Porra nenhuma.